Uma nova variante do HIV, batizada de CRF146_BC, foi recentemente identificada em um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Essa descoberta, publicada na revista "Memórias do Instituto Oswaldo Cruz" no dia 16 de agosto de 2024, revela a presença dessa variante em amostras coletadas na Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, tornando-se motivo de alerta tanto para a população quanto para as autoridades de saúde.


O Que É a Variante CRF146_BC?


A variante CRF146_BC é classificada como um vírus recombinante, o que significa que ela combina genes de diferentes subtipos de HIV — especificamente, os subtipos B e C, que são predominantes no Brasil. Esse fenômeno ocorre quando uma pessoa é infectada por diferentes subtipos do vírus, que se encontram no mesmo organismo e mesclam suas características genéticas, resultando em uma nova variante.

De acordo com a bióloga Joana Paixão Monteiro-Cunha, coautora do estudo, o surgimento de variantes recombinantes está relacionado à taxa de dupla infecção, na qual indivíduos se contaminam e se recontaminam com diferentes subtipos do HIV. A CRF146_BC foi identificada pela primeira vez em 2019, durante um estudo populacional que analisou cerca de 200 amostras de pacientes acompanhados no Hospital das Clínicas de Salvador.


Transmissibilidade e Impactos


Ainda não há evidências suficientes para afirmar se a CRF146_BC possui maior transmissibilidade ou virulência em comparação com outras variantes do HIV. Isso significa que os pesquisadores não sabem se essa nova variante tem potencial para se espalhar mais rapidamente ou se progride de forma mais agressiva para a fase da doença conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids).

Apesar de a primeira pessoa identificada com essa variante estar em tratamento antiviral sem sinais de resistência do vírus ao medicamento, a bióloga Joana alerta que certas mutações no vírus podem, eventualmente, alterar essas características.


A Importância da Prevenção


O surgimento da variante CRF146_BC ressalta a importância da continuidade e do fortalecimento das medidas preventivas contra o HIV. Entre essas medidas, o uso de preservativos e a não utilização compartilhada de seringas são fundamentais para evitar novas infecções e reinfecções. Estas práticas são cruciais não apenas para a população em geral, mas também para aqueles que já são soropositivos, como forma de conter a disseminação de novas variantes do vírus.


Conclusão


A descoberta da CRF146_BC serve como um importante lembrete da complexidade do HIV e da necessidade contínua de vigilância e prevenção. As autoridades de saúde devem manter um monitoramento rigoroso dessa nova variante, enquanto a população precisa estar ciente dos riscos e das práticas preventivas que podem salvar vidas.

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