Uma manifestação com drones, inteligência artificial e muita controvérsia


Neste domingo (6), a Avenida Paulista voltou a ser palco de um dos atos mais comentados do cenário político atual: uma manifestação organizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, pedindo anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. A estimativa de público, feita com tecnologia de ponta, aponta cerca de 44,9 mil manifestantes.

Pode até parecer um número aleatório, mas ele vem de um método sério e científico. A contagem foi realizada por meio de imagens captadas por drones e analisadas com um software de inteligência artificial. A tecnologia usada foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, e pela empresa Tencent, e treinada com dados da USP e da Universidade de Xangai.


Como foi feita a contagem?


A metodologia utilizada é chamada Point to Point Network (P2PNet). A ideia é simples na teoria, mas avançada na prática: o drone sobrevoa a manifestação e tira fotos de alta resolução. O software, então, marca automaticamente cada cabeça presente nas imagens.

A equipe tirou 47 fotos em diferentes horários do evento, mas foi às 15h44 — o pico da manifestação — que nove imagens foram selecionadas para a análise principal. Com base nessas imagens, o sistema calculou o número de participantes com uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5%.

Mesmo com margem de erro de 12%, a ferramenta é uma das mais confiáveis atualmente para eventos com grandes aglomerações. A mesma metodologia já havia sido usada em uma manifestação anterior no Rio de Janeiro, que contou com 18,3 mil pessoas.




O que rolou no ato?


O protesto começou às 14h e reuniu figuras políticas de peso, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Junior (PR), Wilson Lima (AM), Ronaldo Caiado (GO), Mauro Mendes (MT) e Jorginho Mello (SC).

O tom do evento foi claro: críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e um apelo direto à aprovação de um projeto de lei que conceda anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Entre os casos citados, o da cabeleireira Débora Rodrigues, presa por pichar a estátua "A Justiça" com batom, foi um dos mais comentados.


Bolsonaro e a retórica da anistia


Jair Bolsonaro discursou por volta das 15h40 e fez um apelo forte pela anistia. Em suas palavras, “eleições em 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, é escancarar a ditadura no Brasil”. O ex-presidente também reclamou da sua inelegibilidade, que foi definida pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

Vale lembrar que, recentemente, o STF tornou Bolsonaro e mais sete aliados réus por tentativa de golpe em 2022, o que pode levá-los a responder penalmente nos próximos meses.


O que pensa a população?


Apesar da mobilização, a maioria da população brasileira parece não concordar com a proposta de anistia. Uma pesquisa Quaest divulgada no mesmo dia do ato aponta que 56% dos brasileiros são contra a ideia de perdoar os envolvidos nos ataques do dia 8 de janeiro. Apenas 34% são a favor da soltura, e 10% não souberam ou preferiram não responder.

O levantamento ouviu 2.004 pessoas entre os dias 27 e 31 de março e tem margem de erro de 2 pontos percentuais.


Assista ao vídeo:



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