O mês de janeiro traz consigo a campanha Janeiro Branco, dedicado à conscientização e cuidados com a saúde mental. É um período crucial para abordar questões que cercam esse tema tão importante, especialmente em meio à crise atual na Psiquiatria, que inclui desafios como a hiperdiagnose, a influência massiva das grandes indústrias farmacêuticas e a negligência em relação à Psicopatologia.

Contudo, neste artigo, optaremos por focar em um aspecto que impacta diretamente as vidas das pessoas: o preconceito em relação aos problemas de saúde mental. Este estigma muitas vezes surge da dificuldade generalizada em compreender o que chamamos de "psicológico".

Para ilustrar esse ponto, compartilho uma experiência clínica. Certa vez, atendi uma senhora em estado grave de depressão. Ao sugerir uma conversa com o marido dela, deparei-me com uma resposta reveladora. Ele afirmou que, se a esposa estivesse ocupada com tarefas diárias, como lavar roupas na periferia, não estaria enfrentando tal condição. Essa ignorância, infelizmente, é um reflexo comum da sociedade.

É vital superar esses preconceitos enraizados e abandonar a ideia de que a "força de vontade" é a solução para os transtornos mentais. Aqueles que sofrem de depressão, ansiedade, estresse ou psicoses estão aprisionados em um estado que transcende a força de vontade ou boas intenções conscientes. Essas pessoas necessitam de atenção, tolerância e acolhimento, além de, se necessário, serem encaminhadas a profissionais especializados.

Num mundo onde o preconceito e a ignorância ainda permeiam as discussões sobre saúde mental, é fundamental desafiar as noções ultrapassadas e promover um ambiente de compreensão e apoio. Em última análise, ao cuidarmos uns dos outros, contribuímos para uma sociedade mais saudável e empática. (Vale ressaltar que, embora tangencial a este artigo, a vida de muitas mulheres, em particular, enfrenta desafios significativos que também merecem nossa atenção e compreensão.)

Fonte: Dr. Estevam Vaz - Psiquiatra e Psicanalista

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